O uso do BIM e a possibilidade de reduzir custos e cumprir prazos

Nos primeiros textos da nossa série sobre BIM, você viu o que significa esse conceito e o futuro promissor que ele tem pela frente, com o espaço cada vez maior que vem ganhando. Vamos ver agora quais são suas vantagens, ou seja, aquilo que está chamando a atenção de empresas e também do poder público. Tempo, custo e meio ambiente são as palavras-chave desse processo, pois estão diretamente atreladas aos benefícios proporcionados por essa sigla que vem revolucionando a construção civil.

Antes de partirmos para as vantagens, é importante falarmos sobre um sinal de que elas realmente fazem a diferença. Por uma demanda da sociedade, que necessita de investimentos em infraestrutura e outra questões básicas, como estradas, viadutos, escolas, hospitais e moradias, o governo acaba sendo um dos principais clientes da construção civil. Todas essas grandes obras e até mesmo outras menores movimentam o mercado no Brasil e também em outros lugares do mundo.

Sendo o governo um dos principais clientes, precisamos considerar aqui alguns fatores. Um deles é a característica do financiamento dessas obras, que sai dos cofres públicos. A outra é a urgência dessas entregas, pois estamos falando de necessidades que interferem na vida das pessoas e na economia, como no caso das estradas. Por fim, há o clamor cada vez maior por transparência nessas relações. A sociedade exige um apuro maior no trato desses dois pontos que citamos anteriormente.

Bom, mas o que o BIM tem a ver com isso? Tudo! Se a sociedade exige transparência e agilidade nas obras, abre-se aqui um espaço para que mecanismos surjam para ajudar nesse processo. E essa transparência é muito relevante também em edificações na própria iniciativa privada. A qualidade das construções, a pontualidade na entrega de empreendimentos imobiliários, a segurança na construção de shoppings centers, galpões e complexos industriais são características que, além de incluírem um diferencial, oferecem credibilidade e valor agregado aos responsáveis pelo projeto.

Com isso, os benefícios dessas três letrinhas começam a fazer toda a diferença. Prova disso é que essa tecnologia começa a ser cada vez mais utilizada e, no caso dos entes públicos, inclusive exigi-la em licitações.

Nesse sentido, o estado de Santa Catarina foi um dos pioneiros. O governo catarinense começou a fazer de forma lenta e gradual, exigindo a presença do BIM em obras menores, como na construção do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, na cidade de São José. Esse ritmo menor é adotado por conta da falta de conhecimento dos profissionais em relação ao conceito, o que torna inviável o trabalho com essa tecnologia em grandes projetos.

Uma das maneiras encontradas pelo governo catarinense para resolver essa questão foi a elaboração do Caderno de Apresentação de Projetos BIM. O documento descreve os procedimentos para desenvolvimento de projetos, definindo os padrões e os formatos que devem ser utilizados. Além disso, o estado promove também seminários gratuitos para tratar o tema, convidando empresas, instituições, entidades e outros governos.

Outros dois exemplos do uso do BIM por entes públicos está em São Paulo. Um deles vem da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), que já usa o BIM em alguns projetos e até começou a montar uma biblioteca com produtos internos. Também no setor de transporte, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) é mais uma empresa estatal que está se adaptando a essa tecnologia. Há um trabalho de capacitação dos funcionários e está em fase de elaboração um caderno de contratações de projetos.

Além desses exemplos, existem ainda outros, como do Exército Brasileiro ㅡ que realizou um programa modelo e muito bem estruturado ㅡ e mais alguns mundo afora, em países como Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia e Noruega. E o que está no centro das decisões tomadas por esses governantes? Isso mesmo! Economia de recursos e de tempo.

Citamos os entes públicos e suas obras para contextualizar e mostrar como o BIM pode e vem sendo importante para a sociedade, tornando-se um mecanismo de transparência. Passar essa realidade para a iniciativa privada é uma consequência, até porque as empresas também já contam com soluções que caminham nesse sentido.

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Como o BIM ajuda a poupar tempo e recursos nas obras

Primeiramente, vamos falar de tempo. Uma das vantagens do BIM é ajudar no cumprimento dos prazos das obras. Ele consegue isso porque a tecnologia de modelagem em 3D permite uma visualização mais precisa do ciclo de vida da construção. Na prática, significa que a adoção desse conceito nas obras aumenta a previsibilidade da entrega do empreendimento.

Isso ocorre porque o BIM proporciona um planejamento interdisciplinar da obra. Todos os profissionais envolvidos no projeto podem inserir as informações correspondentes às suas áreas, como projeto elétrico e hidráulico, plantas, cortes e diversos outros detalhes. Esses dados criam, então, um desenho, que, por ser em 3D, torna a exposição muito mais fácil de ser visualizada.

Dessa forma, os prazos ficam mais previsíveis, porque as informações estão todas na mesa, ou melhor, no software. Assim, é possível reduzir drasticamente o número de erros nas obras, o que acaba evitando atrasos provocados pela necessidade de corrigir um ou outro problema.

E aqui entra outra vantagem: a economia de recursos proporcionada pelo BIM. Da mesma forma como leva tempo ter que fazer alguma correção com o projeto em andamento, também há um gasto extra significativo para consertar erros na construção. A tendência é que quanto mais tarde um problema for detectado, maior será o custo para solucioná-lo.

Como exemplo, vamos imaginar uma situação em que uma viga coincide com o local onde foi planejada a colocação de toda a tubulação de água para descarga dos vasos sanitários dos banheiros de um prédio. Mas a inconsistência foi detectada apenas no momento da instalação. Com isso, a resolução do problema passará pela reformulação da planta de todos os banheiros, o que renderá um custo muito alto e, consequentemente, um atraso significativo no prazo de entrega do empreendimento.

Com o BIM e a reunião das informações, os responsáveis pela parte hidráulica já teriam visto no modelo onde estariam as vigas e evitariam o problema de projetar a tubulação para um local no qual ela é incompatível. Os arquitetos poderiam fazer as modificações necessárias e o software calcularia tudo novamente, mudando o projeto virtual de forma instantânea. Além disso, novas soluções poderiam ser testadas ainda nesta fase, verificando todas as possibilidades. É uma ajuda e tanto, não é mesmo? Mas o trabalho de redução de custos não para por aí.

A partir da modelagem da obra, é possível identificar ainda quais serão os materiais necessários, a quantidade exata e os custos. Tudo de forma precisa e ágil. E aqui entra o combate ao desperdício na construção, pois, dessa forma, é possível especificar a matéria-prima com muito mais exatidão, evitando sobras desnecessárias, que, na prática, significam dinheiro jogado fora.

No entanto, o ganho não está apenas na parte econômica. A obra torna-se também mais sustentável, o que, ao olhar apenas um empreendimento, talvez não pareça tão significativo, mas se analisarmos o todo, é um grande avanço. Vamos pensar no universo do Brasil, com milhares de construções acontecendo ao mesmo tempo. Se a maioria ou mesmo todas conseguissem utilizar o BIM e diminuir o desperdício, o impacto ambiental nesse mercado reduziria drasticamente.

O debate sobre o BIM continua aqui no blog. Confira os outros textos, que vão abordar questões como relação com clientes e fornecedores e as vantagens comerciais que esse conceito proporciona.

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